O livro qual um jogo africano antigo, vindo do territ rio indiano, o mankala, que se pode dizer ser um jogo popular de semeaduras. Cada jogador ou personagem semeia no campo do outro, o que uma met fora do modo do amor acontecer no romance, que tamb m se reporta ao esquecimento e s travessias que as linguagens percorrem no of cio de lembrar. Assim, mediante estranhamentos e cenas imprevis veis, os personagens enfrentam a tarefa recome ante da mem ria; que est o como que acidentados pela deslembran a, uns; outros, pelo que no lembrar dificulta a tarefa de viver. De todo modo o romance ficciona as possibilidades dos recome os, ap s campos e hist ria em derrocadas, trazendo do amor, enquanto movimento de singulariza o na vida, acervos de alimento ao kalah - dep sito s mbolo do jogo de semear. O romance parte do momento em que o recome o se d , ap s a derrocada de extensa e inomin vel barragem, onde na artesania do sonho e do improv vel cada personagem vai fazer suas sobreviventes semeaduras. As devasta es sofridas por cada um remetem a processos de certo modo tamb m pol ticos, e, ainda assim, qual o semear do mankala em jogo, os movimentos renascentes dos personagens dizem da pot ncia de amar, v ria em cada um deles. Carreando ao trecho m nimo o resguardo das sementes criollas para viver, dentre solitudes e duetos, margens e ensaios grupais, v -se nos atos mais nfimos o des gnio e desenho da resist ncia poss vel, bela e rica, paradoxalmente despojada de quase tudo o que fora constru do como vida coletiva antes. Sem decifra es mais definidas sobre o lugar exato onde se passa a hist ria ou o jogar das semeaduras, embora se saiba ser no m ltiplo Brasil, h uma remessa que cada personagem traz, de seus troncos tnicos diversos, de modo que algumas marcas de processos civilizat rios vividos perduram. Muito embora o passado fique como fundo incorp reo, ante o car ter recome ante do viver e da mem ria, que agora conta com o invis vel de modo incomum, falante e presente, a pr pria funda o do lugar como territ rio amado chama a esperan a ut pica como m sica de atos. Os lugares: matinhos de caatinga arb rea quais interiores a descerrar sert es; restos de um porto e duna; mangue coleante e aquoso, onde se cata o que seria o comum; homens-ramagens, cujas vidas se dizem assubidas em rvores alt ssimas, para dar conta das quedas de seres-coisas quais restos das barragens que n o param de cair, um gueto de remanescentes quilombolas, um migrante portugu s e uma ndia reabrindo constantemente a cena da relembran a... v o compondo os arruados de Nossa Senhora do Ros rio dos Pretos. Quais contas de um fio que vai comunicar-se, a vida grupal se diz em cada recome o, a gotejar sua urdidura de guas novas em torno de cada um dos personagens do romance. assim que vicejam semeaduras reais e imaginadas, no jogo de resistir, depois das perdas do comum na vida coletiva. Ao lado da rolante enxurrada de corpos, planta e bicho e terra e guas, que continua ao largo, cada um dos personagens, invis veis no campo do poder oficial, procura reconstruir o lugar e a si pr prio, de modo min sculo, como uma epopeia do gesto m nimo, dos atos eletivos que o esperan ar pode tecer. Entre a arte e os desenhos min sculos do amor, reacende-se o aprendizado de viver dentre devasta es.
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