Cortejo, livro mais novo da poeta mineira Mell Renault, ? encantamento entoado por voz(es) de mulher. Ao longo do poema-prociss?o, quem l?, tendo cren?a ou n?o, reza de cora??es dados com Maria, vai esquecendo quebrantos por ruas de pedra e de terra, pu?das, sonoras e vivas, vai se lembrando de que h? tempo de parar, de prosear, de pasmar. De que h? tempo de ir e tempo de ficar. Vai ado?ando a boca com as tramas de puro a??car das doceiras e os ouvidos, com os cantos vigorosos das lavadeiras. Vai se alumbrando de espanto com o contar e o recontar das lendas, descobrindo que "viver o real/ sem pitada/ de fantasia/ sei l? o que ia dar!". Vai cirandando e perdendo at? o medo do pranto das carpideiras, porque Maria ensina que h? gente que passa, mas tem a sina verdadeira de permanecer "no gosto do mingau/no ?ltimo n? do bordado/no beiral da janela/na panela/na lenha/no fog?o/na risada/na reza bendita/das mulheres s?bias". Quem anda com Maria e "essas suas m?os de aben?oar" aprende que bom ? "ficar nesse inseguro/que faz a gente/criar". Quem ouve o convite de Mell e vai com Maria n?o anda mais s? e, como diz a can??o, (re)abre o peito para "a estranha mania de ter f? na vida". A b?n??o, Mell! A b?n??o, Maria! A b?n??o, poesia!