O neg cio o seguinte: Diego Moraes o nico l rico que restou na poesia brasileira e ponto. Pense no termo l rico, n o como a categoria estil stica a que Jo o Cabral de Melo Neto se referia, ("Drummond? Era um l rico. Vin cius? Era um l rico?"). N o isso. Estou falando de uma coisa chamada atitude.
nesse sentido que o l rico de Diego se enquadra. De algu m que dur o, mas mesmo assim, como um metaleiro pesado, de voz de dem nio, e guitarra comprada ao capeta numa encruzilhada no Mississippi, como neste verso aqui, "A respira o do palha o num teatro em chamas/ Passat pregado na encruzilhada da tarde de s bado/ O sorriso do garotinho refletindo no espelho do fliperama", e que, mesmo assim, no meio do seu show, para tudo, e manda uma balada dolorosa e certeira, luz apagada, acordes lentos, como esse verso aqui, "A can o mais linda do mundo dentro do peito de um homem que n o/ aprendeu a amar".
H duas coisas insuport veis na poesia brasileira. Afeta o e cheiro de limpo e de laborat rio. Diego, que n o tem nada disso, mas ao contr rio, traz nos seus poemas sangue, hist ria e uma paisagem vista por dentro de uma baforada de cigarro, n o precisa de ep grafes de malditos medalh es, os quais, se constitui, tal como normas da ABNT, num verdadeiro manual do poeta med ocre e de bem com todos e todas; Diego n o precisa exibir erudi o, vivendo a vida dos outros, a met fora dos outros, a pesquisa-de-linguagem dos outros.
claro que d pra manjar, no seu ritmo, na pegada de suas can es, ecos de uma boa camaradagem, de uma bandidagem de boa cepa, do velho Buk, de Mario Bortolotto e de n o importa quem mais - mas por falar em baladas, em can es, sim, os poemas, curtos, certeiros, parecem flechas envenenadas, parecem clips certeiros atravessando a pasmaceira de um doming o dos malditos de botique, da vanguarda empalhada em palavras de ordem e repeti o de truques - veja s esse petardo antol gico: "Nada melhor que acordar s cinco da manh e escrever um conto cheio de cavalos rabes e prostitutas Tchecas".
isso a . Se eu fosse voc , escolhia um verso, um poema desses a , qualquer um, todos s o bons, est o na mesma voltagem, colocava numa camisa e saia pra passear no shopping ou beira do precip cio. Se voc n o souber onde est indo, d no mesmo.
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